sábado, 16 de fevereiro de 2013

O discurso cinematográfico

Livro de Ismail Xavier, publicado em 1977, pelo editora Paz e Terra, faz uma introdução às diversas posturas estéticas e ideológicas na trajetória do cinema desde seus primóridos ao final do século XIX e começo do século XX, até final meados da década de 70.
É leitura fundamental para quem, como eu, se inicia nos estudos do cinema, pois vai apresentando ao leitor, semelhanças e diferenças entre as perspectivas teóricas e suas ideologias subjacentes que marcaram as dicussões sobre o cinema nesse período de pouco mais de setenta anos.
O livro contém sete capítulo, além da introdução, e apresenta uma narrativa que, sem ser cronológica, aponta para paradigmas dominantes e concorrentes ao longo dos anos, cobrindo, entre outros, os seguintes temas: Naturalismo, Realismos, Neo-realismo, Anti-realismo, Cinema Poético, Cinema Discurso.
Ao longo dos capítulos, as contribuições de alguns estudiosos de maior repercussão são um pouco mais exploradas, ao passo que outros temas, coerente com o propósito do livro, são brevemente descritos ou anunciados. Os que mereceram um pouco mais de aprofundamento foram: Kulechov, Kracauer, Bazin e Eisenstein.
No capítulo final, Ismail Xavier aborda o que denominou falsas dictomias. Ressaltando o caráter introdutório do texto, lembra que não se pode pretender adotar os modelos apontados como uma forma mecânica de categorização dos filmes. Na verdade, como ele mesmo aponta:
as oposições que permeiam o meu texto - transparência/textura, espetáculo/discurso, representação/deconstrução, realismo/vanguarda, continuidade/descontinuidade - estão longe de expressar a separação de traços mutuamente exclusivos, como se fosse clara e indiscutível a escolha entre isto ou aquilo (p. 139).
Ainda segundo Xavier, essa aparente simplicidade binária, é capa de uma multiplicidade de perspectivas e modalidades cinematográficas, em cada um dos seus elementos. É a descoberta dessa multiplicidade que, para mim, como leitor iniciante, torna o livro de Ismail Xavier, livro-referência, a que certamente deverei retornar no futuro.
Fiquei curioso, é claro, em conhecer sobre o que ocorreu em termos de debate estético-ideológico na literatura de cinema nos 35 anos que se passaram desde a publicação do livro. Mas, para guiar um aprofundamento das perspectivas apresentadas, Xavier, ao final do livro, brinda o leitor com uma indicação de bibliográfia básica composta por mais de 100 referências. Ao estudioso basta dizer: mãos à obra!

XAVIER, Ismail O Discurso cinematográfico: a opacidade e a transparência. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977, 151p.

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