sábado, 2 de fevereiro de 2013

Adaptação de obra literária: o caso de Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa

A história do cinema é repleta de filmes que se inspiraram em ou adaptaram obras literárias. Talvez, em termos proporcionais, este tipo de cinema seja o mais frequente. Mas, é só um palpite meu!
Hoje assisiti a um filme brasileiro, dirigido por Geraldo e Renato dos Santos Pereira, feito em 1965. Adaptação do livro de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas", o filme preservou o título do livro que foi publicado em 1956. Um ano antes de eu nascer!
Filmado em preto branco, em alguns momentos o filme me lembrou os de faroeste, em função das grandes panorâmicas da paisagem do sertão mineiro, seguidas pela aproximação de grupos de cavaleiros que, aos poucos, assumiam toda a tela. Problemas de som no filme prejudicaram um pouco a narrativa, mas é uma história atrativa. Atuam nele alguns atores que merecem destaque: Maurício do Valle como Riobaldo, Jofre Soares, Milton Gonçalves e Zózimo Bulbul. Música é de Radamés Gnatali.
Não li o romance de Guimarães Rosa. Após o filme, essa leitura entrou na fila dos livros que devo ler. Mas, resolvi buscar na web algum texto que abordasse o filme. Achei. Um texto publicado em 2010 de autoria de Fernanda Correia e Rodrigo Araújo, acadêmicos do curso de letras da Universidade Tiradentes. A partir de uma discussão do papel do espaço na literatura, citando Foucault, Bachelar, e Pignatari, entre outros, os autores comparam a percepção do espaço no romance, pelo leitor, e no filme, pelo espectador. Análise interessante! O texto pode ser acessado em:
http://www.unit.br/Publica/2010-1/HS_A_TRANSCENDENCIA_DO.pdf.
É interessante que os autores apontam a constante natureza antitética da narrativa de Guimarães Rosa a começar pelo diálogo entre o narrador, Riobaldo, sertanejo, e um ouvinte, homem letrado da cidade. Entres os opostos, apontam: a natureza rude e bela; sertão e urbano; chefe e subordinado, entre outros. No filme, a primeira oposição, quase se perde, mas Riobaldo aparece como o contador da história, sertanejo, que em meu caso, se opunha como cidadão urbano. Mas, sem dúvida, muita coisa do livro deve ter ficado de fora do filme.

CORREIA, Fernanda Bezerra de Aragão; ARAÚJO, Rodrigo Michell dos Santos. A transcendência do sertão: o espaço físico, a definição de sertão por Riobaldo e a materialização do espaço imagético em Grande Sertão: Veredas. Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais, v. 11, n. 11, p. 111-128, 2010.

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