No post anterior apresentei dados gerais sobre a presença da diretora de cinema no lançamento de filmes brasileiros no mercado exibidor da chamada primeira janela. Como disse, entre 1995 e 2019, com base em dados de 1.918 filmes lançados nas salas de cinema do Brasil, foram apenas 262 mulhers que atuaram no cargo de direção desses filmes. Neste post, pretendo apresentar mais alguns detalhes da participação feminina nesse mercado.
Em primeiro lugar, deve-se observar que, indepedente de gênero, a exibição de filmes brasileiros no mercado de cinema não é uma tarefa fácil. Dois terços dos cineastas (66,54%), ou seja, 855 diretores ou diretoras, conseguiram exibir apenas um filme nestes 25 anos. Outros 16,34% (210) conseguiram ter apenas dois filmes exibidos nas salas de cinema no Brasil. Com três filmes exibidos no período, esse percentual caiu para 6,61% (85). Dessa forma, no conjunto, foram apenas 135 cienastas, pouco mais de 10%, que lançaram quatro ou mais filmes nesse período.
Os dados, quando segregados por gênero, indicam que as mulheres têm um desempenho um pouco inferior aos homens na quantidade filmes lançados no mercado. Assim, enquanto 11,14% (114) homens lançaram quatro ou mais filmes entre 1995 e 2019, as mulheres que atingiram esta marca foram apenas 21 (8,02%). No gráfico abaixo, nota-se que a presença proporcional das mulheres vai diminuindo conforme aumenta o número de filmes lançados no período.
A dificuldade que as mulheres enfrentam em exibir um maior número de filmes nas salas de cinema brasileiras fica um pouco mais evidente quando se analisa o gênero dos cineastas mais profícuos nestes período. Em primeiro lugar identifiquei os cineastas, independente de gênero, que lançaram sete ou mais filmes no mercado. O resultado foi 27 homens e apenas quatro mulheres. Entre os homens, seis diretores lançaram 10 ou mais filmes. O que conseguiu o maior número de filmes foi Robeto Santucci com 14. Este foi seguido por Evaldo Mocarzel com 13 e Andrucha Waddington com 12. Por outro lado, entre as mulheres, Lucia Murat foi a que lançou o maior número, 10 filmes. Em segundo lugar esteve Tizuka Yamasaki com 8 filmes, sefuida por Cris D'Amato e Sandra Werneck com sete filmes cada uma.
Para poder fazer uma comparação mais precisa, utilizei as 21 diretoras com quatro ou mais filmes exibidos entre 1995 e 2019. Como pode ser visto na tabela abaixo, a média dos filmes lançados pelos homens deste grupo foi de 8,48 filmes, enquanto que a das mulheres foi de 5,33. Ou seja, além das mulheres serem um conjunto bem menor do que o dos homens que lançaram filmes produzidos no Brasil, estas têm maior dificuldade de serem mais assíduas no mercado. Pode ser que isto seja devido a uma maior dificuldade de acesso às salas de exibição do mercado. Um tema para o próximo post.
Homens
|
Filmes
|
Mulheres
|
Filmes
|
Roberto
Santucci
|
14
|
Lucia
Murat
|
10
|
Evaldo
Mocarzel
|
13
|
Tizuka
Yamasaki
|
8
|
Andrucha
Waddington
|
12
|
Cris
D'Amato
|
7
|
Moacyr
Góes
|
11
|
Sandra Werneck
|
7
|
Daniel
Filho
|
10
|
Daniela
Thomas
|
6
|
Domingos
de Oliveira
|
10
|
Julia Rezende
|
6
|
Beto
Brant
|
9
|
Lina
Chamie
|
6
|
Eduardo
Coutinho
|
9
|
Tata
Amaral
|
6
|
Jorge
Furtado
|
9
|
Anna
Muylaert
|
5
|
José
Joffily
|
9
|
Izabel Jaguaribe
|
5
|
Julio
Bressane
|
9
|
Laís
Bodanzky
|
5
|
José
Eduardo Belmonte
|
8
|
Maria
Augusta Ramos
|
5
|
Sergio
Rezende
|
8
|
Carla
Camurati
|
4
|
Bruno
Barreto
|
7
|
Claudia
Priscilla
|
4
|
Gabriel
Mascaro
|
7
|
Eliane
Caffé
|
4
|
Guto
Parente
|
7
|
Helena
Solberg
|
4
|
Heitor
Dhalia
|
7
|
Mara
Mourão
|
4
|
Helvécio
Ratton
|
7
|
Marília
Rocha
|
4
|
José
Alvarenga Jr.
|
7
|
Monique
Gardenberg
|
4
|
Murilo
Salles
|
7
|
Rosane
Svartman
|
4
|
Paulo
Nascimento
|
7
|
Susanna
Lira
|
4
|
Paulo
Thiago
|
7
|
Média de Filmes - Homens
|
8,48
|
Ricardo
Pretti
|
7
|
||
Toni
Venturi
|
7
|
||
Ugo
Giorgetti
|
7
|
Média de Filmes - Mulheres
|
5,33
|
Walter
Carvalho
|
7
|
||
Walter
Salles
|
7
|