sábado, 23 de fevereiro de 2013

O crescimento da produção de documentários no Brasil

Tenho observado uma frequencia cada vez maior de documentários em exibição nas salas de cinema em Curitiba. Tanto nacionais, quanto estrangeiros, eles não eram tão frequentes em um passado nem tão remoto. Curioso com esse fenômeno, fui buscar na ANCINE, no OCA - Observatório Brasileiro do Cinema e Audiovisual dados sobre isso. Vejam:

1995 1996 1997 1998 1999 2000
Animação 0 0 0 0 0 0
Documentário 3 1 2 2 4 2
Ficção 11 17 19 21 24 21
Outros 0 0 0 0 0 0
Total 14 18 21 23 28 23
2001 2002 2003 2004 2005 2006
Animação 1 0 0 1 1 1
Documentário 8 10 4 15 12 25
Ficção 21 19 26 33 32 46
Outros 0 0 0 0 0 0
Total 30 29 30 49 45 72
2007 2008 2009 2010 2011
Animação 2 1 1 0 1
Documentário 32 25 38 32 40
Ficção 44 53 45 43 57
Outros 0 0 0 0 1
Total 78 79 84 75 99
fonte: http://oca.ancine.gov.br/media/SAM/DadosMercado/2104.pdf

No período entre 1995 e 2003, o número de documentários lançados no mercado brasileiro foi sempre menor que 10, número só atingido em 2002, sendo que a média do período não chegou a 4 (3,88). Mas, a partir de 2004, indo até 2011, o número de documentários lançados sempre esteve acima de 10, com uma média de 27 lançamentos ao ano, totalizando 219 documentários no período de oito anos.

Pelos dados, fica evidente, que esse crescimento no gênero documentário acompanhou a tendência do gênero ficção. Entre 1995 e 2003, foram lançados 179 filmes de ficção, uma média de quase vinte por ano. Por outro lado, a partir de 2004 até 2011, os dados indicam que essa produção chegou à média de 44 lançamentos por ano, mais que o dobro do período anterior.

Junto com o incremento da quantidade, parece que há um movimento também em direção a maior diversidade e qualidade nos tipos de documentários produzidos no Brasil. Movimento já identificado em 2003 por Arthur Autran em artigo publicado na revista Olhar, n. 7, entitulado O popular no documentarismo brasileiro contemporâneo.

Discutindo os documentários Notícias de uma guerra particular (João Moreira Salles e Kátia Lund, 1999), Santo Forte (Eduardo Coutinho, 1999) e Pequeno Príncipe contra as almas sebosas (Paulo Caldas e Marcelo Luna, 2000), Autran disseca as diferenças e semelhanças em termos narrativos e estruturais dos três, apontando ao final do artigo que através da discussão aqui levantada pudemos esboçar a variedade e riqueza do gênero na atualidade (p. 152).

Além disso, o autor elenca a produção documental de destaque nos anos 90:  Conterrâneos velhos de guerra (Vladimir Carvalho, 1990), Memória (Roberto Henkin, 1990), Hip-hop SP (Francisco César Filho, 1990), Rota ABC (Francisco César Filho, 1991), A voz do morto (Sérgio Zeigler e Vitor Ângelo, 1993), Vala comum (João Godoy, 1994), Socorro Nobre (Walter Salles, 1995), Mariga (Paolo Gregori, 1995), Nelson Sargento (Estevão Pantoja, 1997), À meia-noite com Glauber (Ivan Cardoso, 1997), Vitrais (Cecília Araújo, 1999) e Nós que aqui estamos por vós esperamos (Marcelo Masagão, 1999). (p.152)

AUTRAN, Arthur O popular no documentarismo brasileiro contemporâneo. Revista Olhar, v. 4, n. 7, p. 144-153, 2003.







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